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Plantio de oliveira expande produção de azeite no Pampa gaúcho

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Produção de Oliveiras, azeite de oliva e de ovinos são impulsionadas pelo Governo do Estado - Foto: Pedro Revillion/ Palácio Piratini

 

 

O cenário ainda não é como o do norte da Itália ou de Andaluzia, na Espanha, porém, já atrai a curiosidade dos pequenos produtores gaúchos. Localizada em Pinheiro Machado, na região da campanha, metade sul do Rio Grande do Sul, a fazenda da família Batalha dispõe de 42 mil pés de oliveiras. Ainda pequenas, as árvores já dão azeitonas e proporcionaram a primeira extração de azeite de oliva no ano passado. 

O proprietário da fazenda, Luiz Eduardo Batalha, veio de São Paulo há 10 anos para produzir gado Angus e soja. Porém, foi numa visita à sede da vinícola Miolo que ele teve o primeiro contato com as oliveiras brasileiras. "Fiquei encantado com a rusticidade da planta e quis ser olivicultor. Comecei em 2010, com o plantio de 10 mil pés. E a cada ano, plantamos 12 mil árvores", conta. 

Com visão de negócio e fazendeiro há 40 anos, Batalha resolveu investir em tecnologia e conhecimento técnico. Trouxe para sua propriedade, em 2012, maquinário completo para o processo de extração do azeite de oliva e contratou consultoria de italianos e uruguaios.

Com incentivo da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária, a indústria será colocada à disposição dos pequenos produtores da região. "Quero mostrar para a cidade que aqui podemos produzir azeite de oliva. A área que oliveira gosta, as mais pedregosas e rústicas da fazenda, é justamente a mesma onde estão os ovinos, que são criados aqui nesta região. É possível utilizar a mesma área dos ovinos para o plantio. Retiram-se os animais nos três primeiros anos do cultivo da oliveira, depois os devolvemos. As próprias ovelhas dão conta de adubar e comer as gramíneas", explica. "Com isso, se evita compactar o solo com tratores que poluem a produção e se utiliza adubo natural", conclui.

A vizinhança ficou interessada e alguns produtores já começaram o plantio de oliveiras. Na propriedade Batalha do Seival, cerca de 20 quilômetros da fazenda de seu Batalha, o administrador Valmir Lopes conta que aguarda com expectativa positiva a primeira colheita de azeitonas. "Aqui não produzíamos nada. A propriedade era só campo nativo. Agora os patrões resolveram plantar a oliveira. Isso é novo para nós. Vimos que o seu Batalha está fazendo e vamos ver agora o que vai dar", diz. 

Para evitar que a produção do azeite fique à mercê de atravessadores, a indústria da família Batalha ficará à disposição do produtor, que sairá da propriedade após uma hora e meia com o produto na mão. "Eles trazem as azeitonas aqui e esperam o tempo de extração. Levam o produto para embalar onde quiserem e vender nas feiras do setor. Podemos também armazenar no mesmo tanque e dividir os lucros", explica o proprietário. 

RS poderá ser melhor produtor 
Considerado pela Embrapa como melhor local para plantio de oliveiras, o Rio Grande do Sul poderá impulsionar o país a passar de maior consumidor para melhor produtor do azeite. 

Longe das regiões serranas e do litoral, onde a umidade relativa do ar é menor, a região da campanha é boa principalmente na fase de florescimento, favorecendo a produção de frutos da oliveira. "A metade sul estava abandonada. Há dez anos foram descobrir que a aqui é a melhor região para se produzir vinho de qualidade para competir com os produzidos no Chile e Argentina. Os cordeiros desta região são absolutamente naturais. Não há grandes estruturas para confinamento, eles só comem pasto. Como tem a produção forte de angus, agora com o as oliveiras completa-se um ciclo que irá atrair inclusive potencial turístico para a região. As pessoas vão querer vir conhecer as oliveiras, como se faz a azeitona e o azeite", projeta Luiz Eduardo Batalha.

Olivas do Pampa integra 11 cidades produtoras 
A indústria de Pinheiro Machado foi inaugurada oficialmente pelo governador Tarso Genro, durante a Caravana de Interiorização, como forma de reconhecer o potencial da metade sul para olivicultura. Ainda em 2012, o Governo criou uma Câmara Setorial de Olivicultura e já trabalha em uma política tributária favorável ao setor. A tarefa de fiscalizar a qualidade do produto produzido no RS também é papel do estado e será feita pela Divisão de Defesa Sanitária Vegetal. 

Assim como Pinheiro Machado, outras 10 cidades gaúchas integram o projeto Olivais do Pampa, que integra o Programa de Cooperação entre Brasil e Itália, intitulado Brasil Próximo. Pedras Altas, Lavras, Dom Pedrito, Caçapava, Bagé, Aceguá, Hulha Negra, Candiota, Livramento e Quaraí também estão entre as produtoras do azeite de oliva no sul do país. 

Na primeira fase do projeto, orçada em R$ 350 mil, entre outras ações, foram implantadas 12 unidades demonstrativas - cada uma com 1 hectare - e realizados intercâmbios e treinamentos. 

Ainda durante a visita da técnica italiana, foram entregues três máquinas para a colheita da oliva. Agora, os municípios vão lutar para obter recursos da ordem de R$ 600 mil, para construírem um lugar que atenda a produção da região, com capacidade de processamento de 500 kg/hora. 

A empresa Tecnoplanta foi a primeira a conseguir colocar o produto em comercialização no mercado. Em agosto deste ano, chegou aos supermercados o Prosperato, com nível de acidez de 0,3%. O nível de acidez é o elemento que define a pureza e a qualidade do produto e o tempo de fabricação é fundamental para preservar o valor nutricional do azeite. 

"Nós importamos 95% do azeite que consumimos no Brasil. A importação leva tempo e tem exposição a altas temperaturas. Produzindo aqui, em poucas horas chegará ao consumo final. O nosso azeite é fresco. Muitas pessoas não têm ideia de que o azeite tem que ser consumido em um ano após a sua fabricação", explica Luiz Eduardo Batalha. Agora, além de oferecer um produto fresco, segundo ele, estará contribuindo com o desenvolvimento do Estado. "Sabemos que o agronegócio é bom para as grandes empresas e multinacionais. Para os pequenos, é sempre difícil. Estamos felizes de dar oportunidade a eles, o governo também está feliz com isso", afirma o fazendeiro. 

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Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini 
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305
 

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