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Secretaria apresenta estratégia para controle do carrapato e da tristeza parasitária bovina na Expointer

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Secretaria apresentou estratégias para controle do carrapato
Secretaria apresentou estratégias para controle do carrapato - Foto: Fernando Dias
Por Elaine Pinto

O Programa Estadual de Controle do Carrapato e Tristeza Parasitária Bovina (TPB) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação apresentou nesta quinta-feira (31), durante a Expointer, a Estratégia Estadual de controle da TPB e de seu principal vetor, o carrapato.

Numa primeira etapa, o programa estabeleceu a padronização do diagnóstico de resistência a carrapaticidas, o biocarrapaticidograma; a formação de uma rede de laboratórios credenciados no Estado; oferecimento gratuito do exame pelo Instituto de Pesquisa Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) e pela Embrapa Pecuária Sul; e capacitação sobre o controle de carrapato e TPB para técnicos ligados ao serviço oficial (IVZ e Emater). “A partir de 2018, trabalharemos com a capacitação de médicos veterinários particulares, agropecuárias e produtores”, detalhou Ivo Kohek , coordenador da Estratégia Estadual de Controle do Carrapato e TPB.

Multirresistência

A pesquisadora Rovaina Doyle, do IPVDF, palestrou sobre a resistência dos carrapatos no Rio Grande do Sul e apresentou dados alarmantes: em levantamento realizado, 3% das amostras de carrapatos já são resistentes a todos os produtos comercializados e, em mais de 25%, há resistência a mais de um produto, impedindo o tratamento geracional. “A resistência é um fenômeno natural e inevitável, mas é preciso retardá-la ao máximo”, pontuou.

Rovaina também listou recomendações importantes para o controle de carrapatos: fazer um biocarrapaticidograma antes de iniciar um programa de controle; iniciar o tratamento na primavera; alternar grupos químicos de carrapaticidas; preferencialmente, só repetir o princípio ativo dentro da mesma estação; evitar usar fluazuron em grandes infestações; não tratar os terneiros, para que adquiram imunidade à TPB; e adotar medidas auxiliares de manejo.

Métodos auxiliares

Com o uso indiscriminado de acaricidas, que vem criando carrapatos multirresistentes, muitas propriedades já não conseguem controla-los apenas com esses produtos. Por isso, o médico veterinário Bruno Dall’Agnol, do IPVDF, apresentou métodos alternativos e complementares no controle do carrapato bovino.

Uma das estratégias listadas é a interrupção do ciclo biológico do carrapato, através do manejo da propriedade, como, por exemplo, a adoção de rotação de pastagens no sistema Voisin, utilização de pastagens de crescimento ereto, alternância do pastejo de bovinos com outras espécies, diminuição da lotação, adubação com ureia e quarentena de animais.

Dall’Agnol listou coadjuvantes importantes para o controle do carrapato, como produtos fitoterápicos – neem indiano, timbó, eucalipto e alho –, além de vacinas disponíveis no mercado. Outra possibilidade é a adoção de raças zebuínas e seus cruzamentos, por serem mais resistentes ao carrapato, ou a seleção de animais mais resistentes dentro do próprio rebanho.

Pesquisas apontam perspectivas promissoras para o uso de fungos e parasitas nematoides que atacam os carrapatos em seus diversos estágios de desenvolvimento. “Não há método fácil para resolver problemas difíceis. Os produtores precisam saber que não será apenas um carrapaticida que vai resolver, não existe solução mágica. É preciso adotar várias estratégias”, concluiu.

Tristeza Parasitária Bovina

O pesquisador José Reck, do IPVDF, apresentou dados importantes sobre a Tristeza Parasitária Bovina, a maior causa infecciosa de mortes de bovinos no Rio Grande do Sul. “A TPB gera um prejuízo estimado de R$ 10 milhões ao ano, considerando apenas as mortes que são notificadas”, destacou.

A questão principal levantada por Reck é que, para criar imunidade à TPB, os carrapatos não podem ser erradicados completamente. “É importante que, em seus seis primeiros meses de vida, os animais tenham contato com os carrapatos. E que também haja um planejamento na compra e venda de animais entre áreas com e sem carrapatos, para que não haja mortes ou surtos. A estratégia ideal é combinar manejo, diagnóstico, controle e prevenção”, finalizou.

 

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