Adjunto da Agricultura vê espaço para crescimento sustentável do setor primário
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O secretário adjunto da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, participou hoje (16), do último fórum do ciclo que integra o projeto Cenários de Amanhã, na sede da ESPM-Sul, em Porto Alegre. Fioreze abordou as dimensões da sustentabilidade e garantiu que há espaço para aumentar a produção primária sem grandes custos ambientais. O evento, uma promoção da Revista Amanhã, reuniu especialistas, representantes dos setores público e privado, técnicos e acadêmicos, em um debate sobre o tema “Rio Grande Sustentável – o custo e o resultado da mudança”. Representando o Governo do Estado, também participou o secretário de Meio Ambiente, Carlos Niedersberg.
Fioreze iniciou afirmando que a sustentabilidade é uma diretriz que deve estar presente na ação de todos, do cidadão, do empresário, do agricultor, dos governos, mas que ela só tem sentido quando está presente em todas as suas seis dimensões: ambiental, sem ser apenas preservacionista; social, sem ser assistencialista; econômica, sem concentrar recursos; cultural, valorizando a diversidade étnica; política, através do diálogo e da participação na construção de políticas públicas de Estado e não apenas de governo; e, finalmente, na dimensão ética, no sentido de que a ação tenha sempre uma consciência moral de compromisso com as futuras gerações.
Disse também que a agricultura tem uma característica especial que nenhuma atividade produtiva tem, que é a sua capacidade de transformar recursos naturais renováveis, como a água, o ar, o solo e o sol em fitomassa, base da produção vegetal, animal, de fibras, biocombustíveis, entre outras. Que, apesar disso, sempre representará uma intervenção humana na natureza, com externalidades sociais e ambientais que devem ser mantidas num nível de sustentabilidade em que as politicas publicas tem grande responsabilidade.
Após, afirmou o papel da agricultura, em seu sentido mais amplo, de sustentabilidade econômica do Brasil e do Estado, na medida em que a balança comercial de ambos deve-se fundamentalmente ao agronegócio. Também disse que o Rio Grande do Sul possui potencial para dobrar sua área agrícola, sem que isso represente agressão ambiental, visto que possui mais de quatro milhões de hectares disponíveis ao cultivo de grãos no inverno, e pelo menos mais 2,5 milhões de hectares no verão, em suas terras baixas ou "várzeas". Por outro lado, destacou que ainda há um espaço muito grande para ganhos de produtividade através da irrigação e das boas práticas agrícolas, citando o potencial de triplicar a produção de milho, duplicar a de soja, de leite e de carnes.
Finalmente, apontou para a necessidade de agregar valor aos produtos agropecuários, gerando com isso mais renda privada e pública e mais empregos de qualidade. Para exemplificar, falou que o aumento do percentual de biodiesel de cinco para 10% significa aumento direto de 260 milhões de reais no ICMS gaúcho, além de baratear o preço do farelo de soja, que compõe um terço da ração para suínos e aves. Outra iniciativa concreta apontada pelo secretário adjunto é a tecnologia das microcamalhoeiras, que permitem ampliar rapidamente o plantio de milho, soja e sorgo na várzea, com economia de água, trazendo desenvolvimento para a metade sul e diversificação de renda para os produtores desta região.
Duas décadas
Na abertura do evento, o presidente do Instituto AMANHÃ e Publisher da Revista AMANHÃ, Jorge Polydoro, assinalou a longa tradição deste fórum, realizado há mais de 20 anos, e desde o início imbuído do mesmo propósito que levou à fundação de AMANHÃ, em 1986 - discutir as perspectivas do Rio Grande do Sul, antecipando os desafios que a economia gaúcha enfrentará no futuro. “Cenários de AMANHÃ é um projeto com objetivo de formar um grupo de discussão em que todas as pessoas contribuam, gerando conteúdo e compartilhando conhecimento”, explicou Polydoro.
Com mediação do diretor de redação da Revista AMANHÃ, Eugênio Esber, o Fórum Cenários de AMANHÃ instigou os convidados a analisar os custos e os resultados da mudança, e a apresentar caminhos para a construção de uma economia sustentável. Os debates darão base à produção do último fascículo que compõe a série “Rio Grande Sustentável”, encartada nas edições da Revista. (Os fascículos já publicados podem ser lidos no seguinte link:http://www.amanha.com.br/cenarios-de-amanha-2012).