Aldeias Guarani receberão plantio de 6 mil mudas agroflorestais e recuperação de áreas degradadas
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As aldeias Guabiju, em Cachoeira do Sul, e Karandy, em Camaquã, da etnia Mbya-Guarani, serão contempladas com a implantação de 2 hectares de agroflorestas e o plantio de 6 mil mudas com ações que envolvem toda a comunidade na recuperação de áreas degradadas. O projeto desenvolvido pelo Departamento de Desenvolvimento Agrário, Pesqueiro, Aquícola, Indígenas e Quilombolas (DDAPA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), foi aprovado pelo Departamento de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA) e receberá R$ 305.296,15.
O recurso provém dos passivos ambientais de Reposição Florestal Obrigatória (RFO), no qual empresas em débito com a Sema podem reverter este passivo em financiamento de projetos ambientais (compensação ambiental).
“A maioria das aldeias indígenas do Rio Grande do Sul está atualmente em áreas degradadas e é potencial candidata para receber novos projetos de recuperação florestal”, afirma o Secretário da Seapdr, Covatti Filho.
A organização não governamental Centro de Trabalho Indigenista (CTI), selecionada para ser responsável pela execução do projeto, vai apresentar a versão final à empresa financiadora na próxima semana.
“Os recursos provenientes da RFO provem de compensações devidas e, por isso, permanentes, o que nos dá uma perspectiva de aprovação de outros projetos para outras aldeias do Estado”, explica a socióloga Márcia Londero, da assessoria técnica do DDAPA, divisão indígena. Um novo projeto que já está em estudo deve ser realizado com as aldeias Kaingangues.

O trabalho de plantio de mudas que propiciem a recuperação da agrobiodiversidade das áreas degradadas deve se iniciar no próximo mês. O Comitê Gestor Intercultural definirá quais as espécies, de que forma e onde vão ser plantadas, entre tantas outras definições. Este comitê é formado por Seapdr, Sema, CTI e Cepi (Conselho Estadual dos Povos Indígenas) e lideranças das duas aldeias. A partir destas conversas, uma oficina de etnomapeamento (metodologia criada pelo governo federal através da Política Nacional de Gestão Territorial de Terras Indígenas (PNGATI)) será realizada para a definição das áreas. Locais para frutíferas, plantas medicinais, plantas sagradas, entre outros espaços. “Este trabalho deverá primar pela construção de um ambiente de bem-viver para os indígenas, uma tekoá (o lugar do modo de ser guarani)”, explica Márcia Londero.
O projeto de restauração ecológica agroflorestal deve se estender por três anos, de 2019 a 2021. Entre os objetivos, o plantio de 6 mil mudas e o trabalho com espécies florestáveis em 1 hectare em cada uma das aldeias. Também vão ser instalados cinco quintais agroflorestais em 0,2 ha e plantadas 500 mudas na aldeia Karandy, em Camaquã, e 11 quintais na aldeia Guabiju, em Cachoeira do Sul,em 0,44 ha com o plantio de 1.100 mudas.
A aldeia Guabiju tem uma área de 87 hectares em Cachoeira do Sul e a aldeia Karandy uma área de 77 hectares em Camaquã.