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Artigo: De baixo para cima, por Tarso Genro

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- Tudo que está ocorrendo no Rio Grande não é de “geração espontânea”, ou mera obra do acaso (Tarso Genro) - Foto: Divulgação

 

Já circula amplamente a informação que o Rio Grande do Sul é o segundo estado que mais gerou postos de trabalho em março, atrás apenas de São Paulo em números absolutos. Criamos 13.708 empregos e São Paulo 19.277. Trata-se de um “reflexo” pensado, projetado, do desenvolvimento econômico, que é o que efetivamente interessa em termos humanos, para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, em termos também de resultados sociais, incidentes diretamente na vida das famílias, com criação de emprego e renda: um desenvolvimento “de baixo para cima”.

Tudo que está ocorrendo no Rio Grande não é de “geração espontânea”, ou mera obra do acaso. Vem de um conjunto de iniciativas planejadas e estimuladas pelo governo, da capacidade empreendedora de grande parte dos nossos empresários e da qualidade técnica dos nossos trabalhadores assalariados. Os dados, porém, tem um significado especial para o nosso governo, pois, se considerarmos o tamanho do PIB paulista, que é muito maior do que o nosso, chegaremos à conclusão que, se em números absolutos ficamos logo atrás de São Paulo, nos números relativos (na proporção de empregos criados com o nosso PIB) a criação de postos laborais aqui, aponta a superioridade da nossa economia industrial para criar empregos, em relação à economia paulista.

Novas empresas e ampliação de empresas locais, como a Hyundai, a Celulose Riograndense, Foton (exemplo de novas empresas no Estado), Randon, New Print, Stara (exemplos de ampliações de empresas locais); cooperativas aumentando os seus negócios, quase R$ 400 milhões de microcrédito, estruturação do novo Fundopem; rebaixamento de impostos em diversas áreas para melhorar a nossa competitividade, estímulos fiscais e financiamentos à agroindústria e à agricultura familiar; Badesul, Banrisul e BRDE, irrigando financiamentos dirigidos a nossa base industrial historicamente instalada e ora acolhida; atração de investimentos para produção da energia eólica – entre outros fatores derivados de diversas missões internacionais – mostram que o Rio Grande está no caminho certo ao enfrentar a crise crescendo, sem apequenar-se.

Especial destaque deve merecer também, aqui no Estado, o aumento real do salário-mínimo regional, que fez crescer o poder aquisitivo de milhões de trabalhadores, movimentando o comércio de bens de consumo popular e alimentos. Tem relevância o programa “Mais Água Mais Renda”, que melhora os padrões tecnológicos da nossa agricultura; as anistias dos empréstimos concedidos aos agricultores pobres do nosso Estado, que estavam sujeitos às visitas de oficiais de Justiça no constrangido dever de penhorar – nas execuções forçadas – geladeiras e móveis destes trabalhadores do campo; e, ainda, destaque para os três Planos Safra do nosso governo, que já deslocaram mais de R$ 4,5 bilhões para impulsionar a nossa produção agrícola de porte médio e pequeno. Sem contar o Simples Gaúcho, RS Tecnópole, Pronatec e outros programas que têm influência direta nos resultados positivos da economia gaúcha.

Tudo isso e mais um pouco, somados à pujança da nossa agricultura tradicional do milho, soja, arroz, trigo, combinada com as políticas setoriais que desenvolvemos com as cadeias da suinocultura, aves e leite, fez o nosso Rio Grande destacar-se no cenário nacional e global. Repito o que sempre digo, quando discutimos no governo as nossas ações que dão certo e aquelas que apresentam deficiências técnicas ou de gerenciamento institucional: isso é apenas o começo.

Não é que não tenhamos problemas e até mesmo limitações graves derivadas da máquina do Estado, que não estava, e ainda não está, completamente preparada para fazer o Rio Grande crescer ainda mais e melhor. Temos limitações que vem da situação fiscal, do cenário nacional e internacional, mas que não nos impedem de comparar o que ocorre hoje, com o “antes” e o “entorno”. Ou seja: em que situação histórica e econômica governamos, com graves problemas orçamentários e escassa capacidade de investir com recursos próprios.

Governamos numa situação que é herança recebida de crise orçamentária de décadas e que não é construção do atual governo. Uma situação difícil que exige opção entre dois tipos de riscos, com efeitos obviamente diferentes: arriscar-se à paralisia da atenção exclusiva ao “déficit”, apostando na “naturalidade” do mercado “puro”, para nos tirar do atoleiro; ou arriscar-se a promover ações para induzir e planejar o desenvolvimento, com gastos públicos que o sustentem e, paralelamente, encetar uma dura luta para iniciar a reestruturação da dívida que nos sufoca? Optamos, conscientemente, pela segunda possibilidade e estou confiante que optamos bem.

Paul Valery concluiu que dois grandes perigos assediam, eternamente, os seres humanos, enquanto existirmos: a ordem e a desordem. Isso vale, tanto para a economia como para as relações em sociedade. Compatibilizar ordem e desordem – em todos os níveis –, o ser humano só consegue fazê-lo antevendo futuro. Ocupando-se em planejá-lo e regulá-lo, pré-ocupando-se, portanto. O que os animais não fazem porque estão encarcerados exclusivamente na sua memória genética. Quando a desestruturação das funções públicas do Estado se transforma em estruturação destas funções, na ação política dentro da democracia, a sociedade recupera a confiança e a auto-estima começa a renascer. Virão tropeços e desafios, é certo, mas o Rio Grande já não é mais o mesmo.

 

Tarso Genro,
Governador do Estado

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