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Associações de gado de corte e leite apostam na genética e defendem rastreabilidade

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Identificação individual é feita com brincos e chips - Foto: Fernando Dias

 

A identificação individual do rebanho gaúcho, estimado em 13 milhões de cabeças, deve virar projeto de lei (PL) em breve. Protocolado na Assembleia Legislativa pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, aguarda trâmite regimental para ir à votação.

Em conversa, na 36ª Expointer, com os presidente e ex-presidente de associações de criadores de gado de corte e leite, eles atestam a ideia de que a identificação é fundamental para qualidade da carne, tanto para o mercado de exportação quanto o interno. Embora tenham algumas críticas quanto ao PL, que acreditam serem dirimidas com mais discussão no parlamento, estão cientes de que também vai melhorar a renda do produtor.

No Uruguai, a rastreabilidade existe há seis anos. Com rebanho semelhante ao do RS, eles começaram fazendo testes de tecnologia de chips até a implantação efetiva do programa. Responsável por 25% da economia, a carne é um dos principais produtos de exportação.

Associações de gado de corte e leite são favoráveis

O ex-presidente da Associação de Criadores de gado Jersey do Rio Grande do Sul, Fernando Muller, diz que a identificação complementa e incrementa o melhoramento genético de qualquer raça. Aliado ao bom manejo e alimentação, acredita, o processo precisa acontecer gradualmente e ser testado. No gado leiteiro, por exemplo, sobretudo depois das fraudes que aconteceram em maio, a questão sanidade e qualidade ganham proporção maior, opina Muller.

Pelo PL, o governo do Estado estima em quatro anos o tempo de identificação total. “É um processo importante. Ainda há resistência por parte de alguns produtores, mas ao longo do tempo todos devem aderir à proposta. Trata-se de questão cultural também, além de econômica e social”, avalia o produtor.

A Associação Brasileira de Hereford e Braford compactua com opinião semelhante. O presidente, Fernando Lopa Silva, defende a identificação partindo de projeto piloto. “Para saber como vão se portar os produtores e as tecnologias que serão usadas, como fez o Uruguai”.

Mapeamento de genoma do rebanho no Uruguai

Na questão qualidade do rebanho, começaram a implantar ferramentas de mapeamento de genoma. A ideia é descobrir o que definem características como sabor, suculência, desenvolvimento muscular, por exemplo. A primeira raça a ser estudada é a Hereford.

Nessa mesma linha, o Instituto Nacional das Carnes (INAC) apoia programas de erradicação da brucelose, tuberculose e o sistema de controle de resíduos biológicos. “Isso se reflete na qualidade comercial e higiênica da carne”, afirma o pesquisador Daniel Abraham, do instituto. 

Cadeia produtiva e importância social

A carne é um dos principais produtos uruguaios e com a rastreabilidade agrega-se valor tanto comercial quanto social. Além dos ganhos econômicos de exportação – 1,6 bilhão de dólares em um ano – a cadeia produtiva participa ativamente.

Mesmo sem precisar, Abraham diz que milhares de pessoas são afetadas diretamente. “Temos acesso a mais de 80 lugares em termos de mercado. São os melhores do mundo. A diferença, portanto, está no valor do que se exporta a partir de um processo de controle da cadeia e da qualidade dos produtos”.

Projeto do Estado

O gerenciamento, informatizado, será inserido no Sistema de Defesa Agropecuária (SDA), já em operação no Estado. Deve ser aplicado de forma gradual, com a identificação compulsória da população de bovídeos nascidos no ano, com a meta de alcançar a totalidade do rebanho em seis anos. O Estado fornecerá o produto conforme a demanda.

Todos os comandos inerentes ao processo de identificação ocorrerão a partir da base de dados (SDA): o pedido de brincos, que automaticamente vai gerar numeração para o agronegócio e pela interface com a fábrica, desencadeia a gravação dos dados.

Também fazem parte o registro de nascimentos, mediante a aplicação física do conjunto de identificação, a comunicação das movimentações e a baixa dos animais por abate ou morte. 



Texto: Daniel Cóssio Porto
Edição: Redação Expointer 

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