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Barreira fitossanitária da Secretaria da Agricultura impede entrada de pragas de citros e banana

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Foto: Fernando Dias/Seapi
Por Darlene Silveira

O trabalho pode iniciar às 6h e terminar na madrugada. Os fiscais estaduais agropecuários, técnicos agrícolas e servidores administrativos que realizam barreiras fitossanitárias pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) enfrentam chuva e sol para proteger os produtores gaúchos da entrada de pragas no Estado como o greening, que atinge os citros, e o mal-do-Panamá, que afeta a banana.  Em um dos postos fixos de fiscalização, que fica na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, no Passo do Socorro, em Vacaria, quilômetro 8 da BR 116, eles abordam cada caminhão que passa.   

“Cada equipe de três servidores fica aqui durante uma semana, de sexta a sexta-feira. Nesta que passou, abordamos em torno de 400 cargas, sendo 61 de produtos vegetais. Todas estavam com a documentação em dia”, contou o engenheiro agrônomo e fiscal estadual agropecuário Cássio Martins, da Regional Osório da Seapi. “No caso de não estarem, elas têm que retornar para os locais de origem”. Em suas abordagens, se necessário, a equipe conta com o apoio da Brigada Militar e do  Posto da Receita Estadual local.

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Fiscal inspecionado carga vegetal. Foto: Divulgação/Seapi

Ele explicou que os documentos necessários no caso de mudas de vegetais (principal forma de introdução de pragas e doenças) são a Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV), o termo ou atestado de conformidade, e o laudo laboratorial indicando a ausência da praga. “Para as frutas e outros produtos vegetais, a PTV é o único documento exigido, além da nota fiscal”, esclareceu Martins.

Conforme o engenheiro agrônomo, no Rio Grande do Sul existem seis postos fixos de fiscalização em divisas: Vacaria, Torres, Barracão, Marcelino Ramos, Iraí e Goio-Ên, que ficam na fronteira dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Aqui são seis, enquanto no estado vizinho são 24 postos fixos. Ou seja, tem 24 acessos oficiais de SC para o RS. Destes, temos postos nos principais, mas nos outros, como em estrada de chão ou acessos paralelos, não há estrutura física de barreira”, comentou.

Martins disse que é grande a preocupação com o greening, porque a doença está mais próxima do RS. “Já chegou em Santa Catarina, Uruguai e Argentina. Mas também estamos com alerta fitossanitário para a Fusariose da Bananeira (ou mal-do-Panamá),porque há produção de banana na região do Litoral do RS. Essa praga já foi detectada em países vizinhos do Brasil, como Colômbia e Peru”, destacou o engenheiro agrônomo.

O técnico agrícola da área vegetal da Regional Osório da Seapi, que atua em Torres, Douglas Rodrigues, pontuou que a preocupação quanto à entrada do greening é grande, porque a produção de citros no Estado é predominantemente de base familiar, sendo o Vale do Caí um dos principais polos de produção de frutas cítricas.  “As propriedades são de 5 a 10 hectares. Diferente de São Paulo, onde se destacam as grandes e médias propriedades. Ou seja, se chegar aqui no Estado, a probabilidade é que o Vale do Caí entre em colapso. O que será da região com uma praga desse porte, que é a pior da história?”, questionou. “Produtores de São Paulo estão abandonando a cultura, porque não conseguiram conviver com a praga”, completou.

Sobre o Greening

Greening, ou Huanglongbing (HLB), é uma das mais graves e destrutivas doenças que afetam a cultura dos citros. É a maior ameaça à citricultura em nível mundial. Causada por espécies da fitobactéria Candidatus Liberibacter spp., está presente no Brasil nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Entre os efeitos estão a diminuição da produtividade e da longevidade dos pomares, acarretando a inviabilização da produtividade e o abandono da área de cultivo. Só no Estado de São Paulo que é o principal produtor de citros do país, a doença cresceu 56% entre os anos de 2022 e 2023.

Sobre o mal-do-Panamá

A Fusariose da Bananeira Raça 4 Tropical (Foc R4T), conhecida também como mal-do-Panamá, é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. Cubense (Foc), e a raça 1 dessa doença está disseminada em todas as regiões produtoras de banana do mundo. Este fungo pode sobreviver no solo por mais de 20 anos ou ainda em hospedeiros intermediários. No Brasil, diversas variedades tradicionais, como a banana maçã, são susceptíveis a esta doença. “A Raça 4 Tropical (R4T) de Foc é mais agressiva que a raça 1, porém ainda não está presente no Brasil, podendo afetar até 90% das variedades de banana cultivadas atualmente no país caso seja introduzida”, alertou Martins.

Ele explica que as principais formas de dispersão internacional de Foc é através do transporte de material propagativo infectado (muitas vezes assintomático) destinado a plantio. Outra via de dispersão é através de solo originário das áreas infestadas com o patógeno, que é transportado em contêineres, em substratos de mudas de plantas, produtos vegetais, máquinas e implementos agrícolas, além de animais (incluindo pessoas).

 

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