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Circular da Secretaria da Agricultura aborda antracnose do caquizeiro

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Foto: Divulgação/SEAPDR

Contribuir com informações sobre os sintomas, as espécies do fungo associados à doença e as principais medidas de controle utilizadas atualmente para auxiliar na adoção de estratégias de manejo da antracnose do caquizeiro. Esses são os objetivos da Circular Técnica “Antracnose do caquizeiro: agente causal, sintomas e estratégias de manejo”, disponibilizada recentemente pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). A publicação é gratuita e pode ser acessada em https://www.agricultura.rs.gov.br/publicacoes.

Segundo uma das autoras do estudo, a bióloga, doutora em Fitopatologia e pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da SEAPDR, Andréia Mara Rotta de Oliveira, o caquizeiro é uma cultura importante no Rio Grande do Sul, produzido principalmente na serra gaúcha. “Nos últimos anos, vem registrando perdas na produtividade devido à antracnose, doença causada por diversas espécies do fungo Colletotrichum”, explica.

Conforme dados do IBGE de 2021, no Rio Grande do Sul, a principal região produtora de caqui é a Nordeste, sendo, em 2019, responsável por 82,9% da produção e 76,2% da área colhida do Estado. Nessa região, destacam-se como principais municípios produtores, que também são os maiores produtores do Estado: Caxias do Sul (48,6% da produção gaúcha), Pinto Bandeira (3,7%), Campestre da Serra (3%), Farroupilha (6,4%), Antônio Prado (5,8%) e Ipê (4%). Outras importantes regiões do RS são a Noroeste e a Metropolitana de Porto Alegre, responsáveis, respectivamente, por 7,1% e 6,2% da produção estadual de caqui.

Andréia conta que, embora o Rio Grande do Sul seja o segundo produtor da fruta no Brasil, as informações disponíveis na literatura sobre o manejo da antracnose resultam, em sua maioria, em estudos realizados nos estados de São Paulo e Paraná, indicando a existência de uma lacuna no conhecimento sobre as populações do patógeno, para as condições da serra gaúcha e demais regiões do Estado. “O monitoramento das populações do patógeno, com o intuito de identificar as espécies existentes do fungo, determinar a agressividade e monitorar a sensibilidade a fungicidas, bem como a realização de estudos epidemiológicos a campo, tornam-se fundamentais para dar suporte ao desenvolvimento de cultivares mais resistentes e ao estabelecimento de estratégias efetivas no controle da doença”.

A Circular aponta que a antracnose, hoje considerada a principal doença da cultura, pode ocasionar perdas de até 100%, decorrente da queda prematura de frutos imaturos. A severidade da doença tem sido responsável pelo declínio na produção de caqui e a erradicação de pomares em vários estados brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul.

“A antracnose se caracteriza por formar lesões necróticas escuras e pode se manifestar em toda a parte aérea da planta. Pode infectar flores, ramos, folhas, frutos em formação e frutos maduros, através de aberturas naturais ou por ferimentos. Nos ramos, os sintomas são manchas deprimidas e escuras, que podem secar o ramo de ano ou permanecer em lesões corticosas, conforme o ramo envelhece. Sob ataque severo do patógeno, ramos infectados murcham, culminando com a sua morte”, esclarece Andréia.

“Além disso, os frutos em desenvolvimento podem apresentar infecções latentes do fungo e, com isso, apresentam maturação precoce, rachaduras, rápido amolecimento da polpa e queda acentuada e prematura”, complementa a bióloga.

Manejo

O caquizeiro está entre as culturas de suporte fitossanitário insuficiente, e o manejo da antracnose requer a adoção de medidas de controle integradas. A escolha da área de implantação do pomar deve evitar locais com histórico da doença, baixadas úmidas, priorizar locais de maior altitude e o plantio de variedades mais tolerantes à doença. Estudos indicam que as cultivares Kyoto, Mikado e Yamamoto possuem resistência parcial ao fungo. Por outro lado, a cultivar Giombo tem se mostrado altamente suscetível. Além disso, é aconselhável o uso de mudas com certificação fitossanitária. É recomendada a correção do solo, através da incorporação de corretivos e fertilizantes, anterior à implantação dos pomares, e a adubação de manutenção em cobertura ao longo do desenvolvimento da planta. Sugere-se também a realização periódica de análises químicas, tanto de solo quanto foliar, para monitoramento do status nutricional das plantas. Registros apontam que a doença se agrava em plantas com deficiências nutricionais.

Andréia destaca que a adoção do controle cultural durante o ciclo produtivo é uma prática essencial para reduzir a fonte de inóculo do fungo nos pomares. Dentre as medidas para prevenção da doença destacam-se: retirada e queima de ramos infectados pela doença no período hibernal; realização de poda verde de ramos fracos, ladrões e doentes no período vegetativo das árvores para melhor arejamento e insolação do dossel vegetativo; redução do porte das plantas, retirada de frutos mumificados, doentes e caídos ao solo, enterrando-os, se possível; tratamento dos cortes resultantes da poda de inverno, pincelando-se pasta bordalesa ou cúprica; pulverização das plantas com calda sulfocálcica ou calda bordalesa, após a poda de inverno; e desinfestação de ferramentas utilizadas nos tratos culturais, com imersão em solução de hipoclorito de sódio ou água sanitária. Além disso, sempre que possível, é indicada a renovação de pomares mais antigos contaminados para evitar a proliferação da doença nas áreas de cultivo.

“Como alternativa, o controle biológico vem se destacando no combate a doenças agrícolas por apresentar menor impacto ao ambiente, ao homem e aos animais. E não deixa resíduos químicos nos alimentos, especialmente os frutos que são consumidos in natura”, diz Andréia.

“Produtos comerciais à base de microrganismos, como o Trichoderma spp e Bacillus spp, têm sido registrados no Brasil para o controle da antracnose causada por Colletotrichum spp em diversas culturas. Carraro e outros pesquisadores realizaram estudos em condições de campo utilizando produto comercial a base de Bacillus subtillis para o controle da antracnose do caquizeiro. E obtiveram resultados positivos com menor porcentagem de queda dos frutos em relação à testemunha, maior número de frutos colhidos, além de maior média do diâmetro e peso dos frutos, mostrando que o controle biológico pode ser uma opção eficaz para o controle da doença”, finaliza Andréia.

 

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