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Dança indígena evidencia diversidade no Pavilhão da Agricultura Familiar

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Dança multiétnica indígena
Dança multiétnica indígena - Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Quem for ao Pavilhão da Agricultura Familiar na 40ª Expointer, além de sucos, queijos, salames e produtos orgânicos, poderá ver também manifestações da cultura indígena. Pataxós e caigangues dividem três estandes, onde vendem artesanatos – flautas, bonecos de madeira, colares e outros itens. 

Muita gente para comprar, mas não são somente os produtos indígenas que atraem o público. Sem hora marcada, geralmente à tarde, os índios fazem uma roda, entoam um canto típico e começam a dançar. A atração reúne uma multidão de curiosos. Alguns até arriscam alguns passos, enquanto os índios cantam e saem em bloco  de seis ou sete, percorrendo as ruelas do pavilhão.

A cada dois dias, ocorre uma troca de expositores indígenas, trazidos com apoio da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), que atende as 4.970 famílias, cerca de 25 mil pessoas, aldeadas no Rio Grande do Sul. Há ainda outros 10 mil índios espalhados pelos meios urbanos, não cadastrados e que, por isso, não são atingidos pelo projeto.


A SDR aplica as políticas públicas voltadas para os índios, com apoio da Emater, sua conveniada. Um dos serviços é a compra de kits de ferramentas e sementes, que são distribuídas para as famílias indígenas. Nas aldeias ainda em estruturação, também são distribuídas cestas básicas de alimentos. "São casos excepcionais. A ideia é dar assistência para que consigam viver do próprio trabalho", resume a socióloga da Emater Márcia Londero.

Outra atribuição da SDR é fazer com que os índios cultivem frutas, algo que eles nunca tiveram hábito, assegura a socióloga. "Eles são acostumados a plantar mandioca, batata, milho e tubérculos. Frutas eram coisas que davam no mato, só que não há mais mato. Estamos mostrando a eles como manusear frutas nativas, como guabiroba e butiá", contou.

Para dar continuidade à política indígena do governo do Estado, este ano a SDR receberá R$ 700 mil para projetos de etnodesenvolvimento das comunidades. O dinheiro é repassado à Emater, que compra ferramentas e repassa às aldeias, além de investir em outros projetos. "Cada família indígena desenvolve o projeto na área que mais gosta. A maioria constroi chiqueiros e galinheiros, ou investe em artesanato", explicou Márcia.



A Secretaria da Educação (Seduc) mantém uma escola em cada uma das aldeias do estado, com professores de português e de línguas indígenas.

As etnias do estado ainda são beneficiadas pelo programa Inclusão Produtiva, do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), pelo qual cada família indígena, com renda inferior a R$ 85 por mês, recebe R$ 2,4 mil. O projeto começou em todo o Brasil, mas depois de três anos, apenas Rio Grande do Sul e Bahia cumpriram todas as metas e continuam recebendo os recursos.

Para a participação na Expointer, a Emater também auxiliou os índios. Comprou cordões, fios e outros materiais para melhorar a qualidade do artesanato. E deu resultado. Este ano, de acordo com os próprios índios, a previsão é de que arrecadem cerca de R$ 10 mil com a venda de seus produtos, mais que o dobro do ano passado.

Índio à francesa

Os visitantes do Pavilhão da Agricultura Familiar ficam bem impressionados com a dança dos índios. "É diferente do que a gente vê nos filmes. Eles já parecem mais urbanos", comentou a doceira Mariângela Medeiros Souza, enquanto aproveitava para registrar no smartphone. "As pessoas querem que o índio permaneça igual há 500 anos, mas isso é impossível. Nós também mudamos, e muito. Mas eles se esforçam para manter sua cultura, e apoiamos isso", afirmou a socióloga da Emater.

Um dos participantes, o índio Diego Fernandes, de Maquiné, dá uma pausa na venda de seu artesanato, animais de madeira, lanças e colares, para participar do ritual. Na mão esquerda, uma lança patachó, de madeira, mas a roupa denuncia o quanto está urbanizado: camiseta pirateada do Paris Saint-Germain, com o nome do brasileiro Neymar às costas. "Comprei uma para o meu filho, e ele queria que eu comprasse uma para ficarmos vestidos igual. Sei quem é o Neymar, mas nem gosto muito de futebol", contou Diego.

Texto: Renato Gava
Edição: Denise Camargho/Secom

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