Equipamento de espectroscopia no infravermelho do Laboratório de Solos do DDPA reduz tempo de análise e custos
Ele é utilizado em análises de solo e nutrientes em diversas culturas
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O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), da Seapi, em parceria com o Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicou artigo no Journal of Food Composition and Analysis, sobre o uso do equipamento FTIR (espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier), como forma de estimar os teores de nutrientes na erva mate gaúcha. O FTIR faz a leitura da amostra e gera um espectro de absorção ou de emissão da luz na faixa do infravermelho médio (range (2.500 – 18.000 nm). Como explica o pesquisador Luciano Kayser, do DDPA, esse espectro é característico de cada material, sendo usado para identificar amostras desconhecidas em técnicas forenses, por exemplo. “O espectro de um plástico é diferente do espectro de uma planta. O espectro de uma espécie de planta é diferente do espectro de outra espécie. E assim por diante”, destaca ele. As amostras utilizadas foram coletadas nos cinco polos ervateiros do Estado do Rio Grande do Sul.
Além desta avaliação qualitativa, é possível detectar diferenças associadas à composição química da amostra, desde que haja uma calibração adequada. “O artigo descreve a construção de modelos matemáticos que relacionam a análise química convencional de 111 amostras de tecido vegetal, feita no nosso laboratório, com o padrão espectral dessas amostras”, explica Kayser. Foram construídos modelos para 11 nutrientes (N, P, K, Ca,Mg, B, S, Mn, Fe, Cu e Zn). O artigo descreve as técnicas de tratamento dos espectros para melhorar sua capacidade de predição, os diferentes modelos matemáticos testados e a eficiência de cada um em estimar os nutrientes.
“A importância deste trabalho é demonstrar a possibilidade de usar o FTIR como uma ferramenta analítica rápida”, afirma Kayser. Segundo ele, uma vez estabelecidos esses modelos, podemos estimar as quantidades de nutrientes na erva-mate de modo rápido, sem precisar usar reagentes e sem passar por todas as etapas de um processo analítico convencional. O mesmo processo pode ser feito com outras plantas também. Além de Kayser, participaram do artigo, pelo DDPA, os pesquisadores Bruno Lisboa, André Abichequer e Jackson Freitas.

De acordo com a engenheira florestal, doutoranda em ciência do solo, Gabriela Naibo, autora primeira do artigo, o estudo visou à identificação e quantificação dos teores nutricionais dos ervais de uma forma rápida, visando à preservação do meio ambiente, a fim de otimizar os usos de insumos e, que ao mesmo tempo, os resultados dos laudos fossem precisos.
“Como um benefício direto para o setor ervateiro, o trabalho vem como algo inovador para a análise química de tecido foliar vegetal de erva-mate, que acarretará em redução do tempo de espera de produtores para obtenção do laudo, já que, em alguns períodos do ano, a demanda deste tipo de análise se torna maior devido à sua complexidade pela forma de análise convencional”, destaca Naibo.
Uma análise química convencional leva em torno de 15 dias para se obter o resultado, sendo que a mesma análise via espectroscopia leva apenas cinco dias. Além disso, o setor pode ter uma redução de custo, já que a análise química realizada via espectroscopia é cerca de 40% menor do que a convencional.
Link do artigo: https://authors.elsevier.com/c/1iZZ63AAyUNWwf
Pesquisa em ervais
Entre 2019 e 2021, o DDPA fez um levantamento da fertilidade do solo e da condição nutricional dos ervais do Rio Grande do Sul. Os resultados foram publicados, em sua maior parte, no livro “Diagnósticos da produção de Erva-Mate no Rio Grande do Sul: aspectos socioeconômicos, produtividade, fertilidade do solo e nutrição das plantas”, lançado na Expointer 2023.