IG do Mel Branco vai garantir a proteção e o reconhecimento do produto
Publicação:

A busca da IG do Mel Branco de Cambará do Sul deu mais um passo nesta semana, com um encontro que reuniu as diversas organizações e instituições que fazem parte do projeto. O Seminário “IG do Mel Branco”, realizado no município de Cambará do Sul, teve a participação do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), da Emater/RS-Ascar, do Sebrae/RS, da Prefeitura e da Associação Cambaraense de Apicultores (Acapi).
“O Seminário foi mais um passo para a construção da Indicação Geográfica para o mel branco. Os produtores contam com a assessoria do Sebrae-RS para preparar a documentação, e a pesquisa vai fornecer os dados técnico-científicos que indicarão as caraterísticas distintivas do produto para embasar esse reconhecimento”, destaca a coordenadora da pesquisa pelo DDPA, Larissa Ambrosini.
As pesquisas para a conquista da IG estão sendo desenvolvidas desde o ano passado e devem encerrar em 2026. “O DDPA apresentou os resultados esperados de cada um dos objetivos da pesquisa, que incluem desde a caracterização do meio geográfico, das condições de solo, clima e cobertura vegetal, o registro da história do mel branco e dos saberes desenvolvidos pela comunidade para sua produção e, por fim, as análises das características desse mel, que são as análises polínicas e farmacológicas”. O projeto está em fase de coleta de dados e está sendo desenvolvido com recursos próprios do DDPA, Emater, Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali), cada parceiro aportando o necessário para a execução de seus objetivos na pesquisa.
“A busca da Indicação Geográfica (IG) do mel branco vai ter um impacto extremamente positivo para os apicultores e para toda a comunidade local. Seus benefícios se estendem desde o apicultor até o comércio, serviços, pousadas, hotéis e demais setores que integram a economia local, gerando oportunidades, reconhecimento e desenvolvimento sustentável em toda a cadeia”, avalia Fabiano Nichele, coordenador de Projetos de Apicultura Sebrae.
Para o gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Orlando Junior Kramer Velho, a IG é uma possibilidade de proteção e valorização de um produto característico de uma pequena parte da região dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. “A busca é pela IG Denominação de Origem, pelas características próprias dessa região, principalmente com relação à flora, que contribuem para a produção do mel branco, com a árvore carne-de-vaca, mas também com a guaraperê e gramimunha. Sem estas plantas não existe mel branco e estas plantas existem em partes de uma região delimitada entre os municípios de Cambará do Sul, Bom Jesus, Jaquirana e São José dos Ausentes”, destaca.
O trabalho, segundo Júnior, foi sendo costurado através de encontros técnicos, seminários, jornadas apícolas, em que se destacou o mel branco pela notoriedade e pela raridade também do produto. O que se espera, afirma ele, é valorizar a região e os produtores.
Para o apicultor Gustavo da Rosa Pereira, presidente da Acapi, o trabalho todo de conquista desta IG está sendo desenvolvido baseado em pesquisas, em dados concretos. E por que? “Porque o nosso mel possui uma qualidade muito boa, ele é um mel de mesa reconhecido a nível nacional. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) garantiu o primeiro e quarto lugares para o mel claro produzido na região, e nós estamos querendo que o apicultor trabalhe, comercialize e ganhe com o seu produto, agregue valor, por isso a IG é importante”, afirma Gustavo.

O case da IG da Erva-Mate do Alto Taquari
Ariana Maia, que está coordenando o processo de IG da erva-mate do Alto Taquari, destacou durante o Seminário da IG do Mel Branco a importância de uma Indicação Geográfica para uma região. “A IG não vem para dar valor ao produto, o valor do produto já está ali, por isso que está sendo protegido, encaminhado, para ser reconhecido. O produto já tem um valor, mas as pessoas ainda não reconhecem aquele valor, então a IG vem para fazer este reconhecimento”, afirma.
E cita o exemplo da erva-mate do Alto Taquari, que é o local de salvaguarda da erva-mate hoje no estado, que tem um valor, tanto ambiental, quanto social, econômico e cultural. “O trabalho que a gente tem feito é proteger todo este saber fazer ligado à erva-mate, para que a gente possa se orgulhar e dar a ele o devido reconhecimento e para que as futuras gerações também tenham este entendimento”, avalia Ariana.