IX Seminário de Vitivinicultura da Metade Sul destaca contribuição de politica pública em avanços do setor
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Ainda jovem em relação à Serra Gaúcha, a vitivinicultura na Região da Campanha já representa 36% das uvas finas do Estado destinadas à produção de vinhos de alta competividade no mercado latino-americano.
Qualificação, assistência técnica, propaganda, políticas públicas de incentivo, enoturismo são alguns dos assuntos que o IX Seminário de Vitivinicultura da Metade Sul se propõe a discutir em dois dias de debates em Bagé.
Na abertura oficial do seminário nesta quinta-feira (05), o secretario estadual da Agricultura Claudio Fioreze apresentou o conjunto de investimentos do RS no setor nos últimos três anos.
Estado aumento repasse ao Fundovitis
Mesmo não havendo uma cadeia da agropecuária gaúcha sem políticas públicas, ele afirmou que a da uva e do vinho recebeu olhar mais atento da Secretaria da Agricultura. A começar pela ampliação dos recursos do Fundovitis.
No período, passou de R$ 3 milhões para R$10 milhões o repasse anual do Governo do Estado. Com isso, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e o conselho do fundo podem definir, por exemplo, investir em propaganda para aumentar o consumo do produto gaúcho, o que já vem sendo feito desde o ano passado com a campanha Beba com Descontração.
Recursos se transformam em políticas públicas
Com ideia de trabalhar a cadeia como um todo, firmou convênio com a Emater para capacitar 600 produtores tradicionais de vinho de mesa ou colonial situados nas regiões do Vale do Jaguari, Quarta Colônia, Alto Uruguai, Centro Serra, Planalto e Erechim. Lá, os solos têm baixa qualidade, eles ainda contavam com assistência técnica, há dificuldade de manejo, por exemplo.
Os mesmos recursos possibilitaram também implantar em Dom Pedrito, no campi da Universidade Federal do Pampa (Unipama), seis hectares de vinhedo e começar a testar mais de 70 cultivares. Daí serão definidas quais mais se adaptam à região.
A universidade, criada pelo Governo Federal em 2005, tem na cidade o primeiro e único curso na área da viticultura.
Ainda na Campanha e Fronteira Oeste, a Seapa, lembrou Fioreze, conveniou com quatro prefeituras e integrou assentados da reforma agrária na produção de uvas.
O projeto prevê investimentos de R$ 2,6 milhões, beneficia 90 famílias em Hulha Negra, Candiota, Pinheiro Machado e Santana do Livramento e o cultivo inicial de 50 hectares no total.
Retomada da Câmara Setorial e parceria com setor
Para Fioreze, um passo importante no setor foi a reinstalação da Câmara Setorial da Uva e Vinho a partir de 2011. Sem atividade havia 13 anos, teve papel importante de lá pra cá.
“Temos compromisso com o fortalecimento das matrizes produtivas locais e, por isso, apostamos na consolidação dos vinhos da Campanha, uma nova fronteira de produção e vinificação de uvas que tem conquistado mercados gaúcho, nacional e disputando espaço com a produção da América Latina”, disse o secretário.
Segundo ele, a parceria com Ibravin ajuda no fortalecimento do vinho e os derivados da uva. Em âmbitos estadual e federal, os governos trabalham para diminuir a carga tributária e aumentar a competição com produtos oriundos de países vizinhos, sobretudo nas zonas de fronteira.
“Os vinhos do Mercosul entram sem tributos no Brasil. Aqui, na Campanha, ainda concorremos com os freeshops. Então, a qualidade e a competividade são primordiais para disputar mercado. E os produtores precisam ter renda.”
Setor em expansão
O setor no geral cresceu 10,7% na comparação entre 2013 e 2012. Destaque para os rótulos finos, cujo crescimento chegou a 6,9%. Os índices são medidos de janeiro a outubro. A comercialização dos chamados finos totalizou 16 milhões de litros. Os espumantes, de outra parte, tiveram ampliação de 10,3 milhões de litros.
Na linha de frente, estiveram os vinhos de mesa: mesmo com índice menor na comparação aos outros derivados da uva, 3,55% ante 2012, o consumo permeou os 190 milhões litros por ano. O desafio, contudo, é aumentar o consumo per capita, hoje por volta de 2 litros/ano, considerado ainda muito baixo.