Mainardi defende diversificação para estabilizar economia
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Na abertura do 8º Seminário Bagé Arroz em Destaque hoje (10), o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, defendeu a diversificação na propriedade e a rotatividade de culturas. “Dessa forma será possível trazer mais renda ao produtor e estabilizar a economia do Estado, que depende fortemente da agropecuária”, explicou.
Atividade de risco por causa do clima, a produção primária precisa dar garantia ao produtor de que ele terá ganhos, segundo o secretário. “E as alternativas tecnológicas, como a irrigação e novas cultivares, por exemplo, já estão criando a sustentabilidade de quem vive do campo”.
A união entre políticas dos governos do Estado e Federal com o produtor e o apoio das instituições de pesquisa, ajudam a estimar o crescimento da produção de grãos, sobretudo milho, soja e arroz. “Quanto mais arroz for comprado, por exemplo, mais incentivo fiscal se dá. O Estado ganha, a indústria ganha e o produtor também”.
Ele pontuou bem a diversificação. Disse que o Estado está pensando a agricultura para os próximos dez anos também na ampliação e qualificação das áreas já plantadas e respeitando as características do Bioma Pampa.
Até lá ele pretende trabalhar para aumentar de 7 para 10% o índice da utilização de soja para produção de biodiesel. “Por isso, não existe essa história de ser arrozeiro. É produtor rural. Quem trabalha com arroz pode ter gado, ter milho, ter soja e, consequentemente, ter renda o ano todo”.
Estabilidade do campo ajuda economia
Na safra de 2011, considerada histórica no setor, o Estado cresceu mais do que o Brasil. Ano passado, com a estiagem que prejudicou várias culturas, o crescimento foi quase negativo.
Este ano, porém, a oferta de crédito, o clima, o bom preço dos produtos, resultaram numa boa safra que levará o Estado novamente a um PIB duas vezes maior que o do país, por volta de 6 a 7%, conforme Mainardi. Pegando o Uruguai como exemplo, aproveitou para falar da cadeia da carne e da rastreabilidade. “Nós consumimos toda a carne de qualidade e não sabemos vender lá fora. O Uruguai, tirando o Japão, exporta para mais de cem lugares no mundo”.
Para o presidente do Irga, Cláudio Pereira, a nova matriz de produção a partir de plantação em terras baixas, criada em parceria com a Embrapa, “está desenhando o futuro da Metade Sul, a última fronteira agrícola a ser desbrava”. O produtor, diz ele, não está deixando de plantar arroz, tem incorporado a soja. “Tanto é verdade que a produção de arroz cresceu 2% na última safra”.
A perspectiva do presidente da Associação de Arrozeiros de Bagé, Ricardo Zago, está ligada ao bom momento. “Este ano na região plantaremos mais de cem mil hectares de soja e mais de 20 mil de arroz, um ótimo crescimento em relação ao ano passado”.
Parceria Embrapa e Irga
No seminário, pesquisadores da Embrapa e do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) mostraram resultados dos trabalhos obtidos no primeiro ano de parceria entre as duas instituições. A integração lavoura-pecuária em terras baixas e a importância da diversificação da produção nestas áreas foram o ponto principal.
O analista da Embrapa Pecuária Sul, Marcelo Pilon, disse que entre as pesquisas e tecnologias que estão sendo avaliadas pelo convênio estão a rotação de culturas em mesmas áreas, com arroz, soja e milho e forragens adaptadas a esse ambiente. Também na área experimental da Embrapa em Bagé, são realizadas avaliações de cultivares de arroz desenvolvidas pelo IRGA, além de diferentes espécies e cultivares de forrageiras que podem ser empregadas em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP).
“Estamos atuando em cima dos resultados preliminares de alguns experimentos e trabalhos de validação, que têm como objetivo oferecer opções para os produtores adotarem a integração em seus sistemas de produção”, ressaltou Pilon.