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Programa de resgate de “Potreiros Tradicionais do RS” fica entre os 10 vencedores de Prêmio do BNDES

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Programa "Potreiros Tradicionais do RS" recebe prêmio nacional
Programa "Potreiros Tradicionais do RS" recebe prêmio nacional - Foto: Imagens/arquivo CETAP
Por Maria Alice Lussani com informações do Mapa

Os potreiros fazem parte da paisagem gaúcha. Principalmente dos Campos de Cima da Serra. Eles compõem um “Sistema Agrossilvipastoril Tradicional”, no qual, historicamente, foram realizados distintos manejos. Além de compor a diversidade do patrimônio genético local, as pastagens naturais também possibilitam uma dieta variada para os animais. E propiciam a manutenção da vida das famílias que moram em pequenas propriedades e que se dedicam à produção de mel, lenha e madeira, frutas, pinhão e ervas medicinais. Este Sistema Agrícola Tradicional (SAT) desenvolve, também, uma função ecológica de preservar elementos da paisagem, conservando e preservando a flora e fauna nativas.

“Os potreiros são sistemas muito presentes dentro das propriedades dos agricultores familiares e extrativistas, representando um bom percentual da área da propriedade. São ambientes manejados ao longo do tempo e que vão conformando um desenho da paisagem rural do sul do Brasil”, destaca Alvir Longhi, coordenador do programa de sociobiodiversidade com ênfase nos sistemas agroflorestais, extrativismo sustentável e valorização e uso das frutas nativas do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap).

O Centro trabalha com 30 famílias no resgate e manutenção deste sistema nos municípios de Vacaria, Monte Alegre dos Campos, Ipê, São Francisco de Paula e Campestre da Serra. Esta iniciativa recebeu na última sexta-feira (20), o 9º lugar na segunda edição do Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. O Prêmio é fruto da parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).

“Inscrever a proposta deste trabalho no prêmio é importante para dar essa visibilidade, para mostrar a importância que estes sistemas tradicionais têm nas diferentes perspectivas, seja de sustentabilidade econômica, ambiental, mostrando para os próprios produtores a importância de continuarem trabalhando com estes sistemas tradicionais”, afirma Longhi.

O coordenador do programa ressalta que os potreiros têm uma importância para este produtor do ponto de vista econômico, alimentar, de sustentabilidade da propriedade e é rico num conjunto de espécies do ponto de vista ambiental e ecológico. Mas ele também tem potencial para outros usos:  além das frutíferas nativas, o uso na tinturaria, na produção de óleos essenciais e de hidrolatos, que são águas florais. “A gente tem buscado valorizar economicamente estes potreiros bem como as formas culturais dos atores sociais que manejam estas áreas”, diz Longhi.

O prêmio

O prêmio reconhece as melhores práticas em projetos agrícolas, extrativistas, pesqueiros e afins, que empregam conhecimentos e técnicas da cultura de comunidades e povos tradicionais de todo o Brasil. Caracterizados pelo uso de técnicas tradicionais de produção, os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) envolvem espaços, práticas alimentares e agroecossistemas manejados por povos e comunidades tradicionais e por agricultores familiares, nos quais elementos culturais, ecológicos, históricos e socioeconômicos interagem, formando diferentes arranjos e técnicas produtivas (para saber mais clique aqui).

Os premiados

O primeiro lugar ficou com o projeto da Casa das Frutas de Santa Isabel do Rio Negro (AM), proposto pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN). O projeto de conservação da agrobiodiversidade, localizado no Sertão da Paraíba, por meio da Rede de Bancos Comunitários de Sementes da Paixão do Território da Borborema (PB) ficou com o segundo lugar. A terceira colocação ficou com as comunidades de apanhadoras de flores sempre-vivas da porção meridional da Serra do Espinhaço (MG), apresentada pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM).

Também foram premiados: A Associação Etnocultural Indígena Enawene Nawe, do Noroeste de Mato Grosso, pelo Ritual do Iyaokwa, que marca o início do calendário anual deste povo; o Centro Cultural Kàjre, pela feira de sementes tradicionais do povo indígena Krahô, em Goiatins, no estado do Tocantins; a Associação Comunitária dos Pequenos Criadores do Fecho de Pasto, do Oeste da Bahia, pela iniciativa dos guardiões e guardiãs do Cerrado em defesa da biodiversidade; a Associação dos Pescadores Artesanais de Porto Moz (Aspar), no Pará, pela conservação dos estoques pesqueiros e fortalecimento da entidade e da categoria; a Associação Indígena Ulupuwene, do Alto Xingu, pela festa do Kukuho (espírito da mandioca) e o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica, em Minas, pelo Catálogo de Sementes do Alto Jequitinhonha.

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