Secretário da Agricultura defende ciência da agroecologia em 16ª Encontro Regional de Estudantes de Agronomia do Sul
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Pelo menos 500 acadêmicos de agronomia de universidades federais dos três Estados do Sul assistiram nesta quinta-feira (19), em Cerro Largo, na Região das Missões, apresentação do secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze.
Também agrônomo por formação e profissão, Fioreze falou sobre pensamentos conceituais equivocados a respeito da agroecologia e a importância de tratar o tema como ciência, sob o risco de não haver avanço econômico e social ao longo do tempo. Integrando pesquisa e extensão rural, defendeu estratégia de transição de um sistema para outro ancorada em pontos como racionalidade de água e de agrotóxico até chegar à substituição por insumos que, além de causar menos impacto ambiental, podem inclusive ajudá-lo.
“Para tanto, será necessária uma espécie de redesenho territorial e agrário no Estado e no País”, defendeu. O sistema de produção e integração com a natureza tem e sempre terá a intervenção do homem. E a agricultura, por si só, tem impactos. “O que temos de trabalhar é se terá menos ou mais. Precisamos melhorar consideravelmente as formas de manejo”.
Fioreze aproveitou para contextualizar os alunos dos programas estaduais, em especial os ligados à agricultura familiar. O secretário citou o Dissemina, de melhoramento genético dos rebanhos de corte e leite, que vai contemplar 212 municípios até o fim do ano. “É o maior programa de melhoramento genético da história do Rio Grande do Sul, para os produtores que mais precisam. Estamos na era da tecnologia, de nada adianta termos sistemas avançados se não chegar nos pequenos”, questionou.
O mesmo acontece com a correção do solo. O programa do Estado, em parceria com as prefeituras, chegará a 200 cidades também até o final do ano. “O programa do calcário é outra estratégia importante do Estado para diminuir as desigualdades econômicas e sociais no campo. Primeiro, o produtor familiar quer renda, se não ele deixa a atividade. Depois, agregar valor ao que produz”.
O vice-reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul, Antonio Inácio Andrioli, aposta na construção de um espaço de discussão público e popular na universidade. À frente de uma instituição criada pelo Governo Federal há cinco anos, acredita na disputa de projeto travado entre os sistemas tradicionais de agricultura e a agroecologia, o que deve promover avanços organizados a partir de movimentos sociais, pesquisa e extensão. “Requisitos que criam o que chamamos de ‘empoderamento’ da sociedade. A agricultura familiar tem potencial e deve servir de estratégia para a nação à produção de alimentos saudáveis para o mundo”.
Pensamento semelhante, mas numa ótica mais social, tem o diretor do campus da UFFS em Cerro Largo, professor Edemar Rotta. Segundo ele, o final do século XX “mostrou que a ciência por si só não basta e será preciso recuperar mais profundamente o ser e a suas relações interpessoais, integrando-os à natureza”.
Em Cerro Largo, a universidade tem 70 projetos na área de formação de professores, sendo 40 de pesquisa e 30 de extensão.