Sindicato Rural lança Farm Show de Dom Pedrito e reforça posição em defesa da identificação individual do rebanho gaúcho
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O discurso do presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, José Weber, durante o lançamento nesta terça-feira (08), em Porto Alegre, da 80ª Expofeira da cidade, denominada Farm Show, teve tons de otimismo e crítica.
Ao mesmo tempo em que se disse esperançoso quanto à comercialização da feira, de 23 a 27 de outubro, que deve atingir cifras semelhantes às da cabanha Guatambú, semana passada, ele foi veemente na defesa da identificação individual do rebanho bovino gaúcho como a melhor saída para agregar valor à carne do RS.
“Não adianta só ‘propagandear’ como a melhor, tem que certificar para os mercados mais exigentes. Dar mais valor ao nosso produto”, ratificou, ao referir-se ao projeto do governo do Estado, que estava na Assembleia Legislativa e foi retirado por ter recebido parecer inconstitucional. Sem o consenso de produtores e entidades de classe, o governo achou melhor ampliar o debate sobre o projeto, embora ele já tenha sido discutido durante dois anos na Câmara Setorial da Carne.
Weber tem sido enfático na defesa do projeto. Nos debates, cita como exemplo o Uruguai e Santa Catarina.
O país vizinho iniciou a rastreabilidade há seis anos – um processo mais complexo que a identificação – e hoje exporta para mais de 140 países.
Santa Catarina, por exemplo, identificou todo o rebanho bovino com chips eletrônicos na perspectiva de aumentar a quantidade de animais, melhorar o status sanitário – hoje são livres de aftosa sem vacinação - e acender com a carne suína a mercados como o japonês, um dos mais exigentes e rentáveis para exportação.
No mesmo raciocínio, o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, presente no lançamento da expofeira, argumentou em favor da identificação e da ampliação do discussão sobre o aumento do plantio de soja em campos tradicionalmente usados para a pecuária.
“Ou avançamos como viemos avançando ou esperamos para ver o movimento do mundo. Se não agregarmos valor à carne gaúcha, não aumentarmos a renda do pecuarista, ele vai migrar para a soja. Ninguém produz só por ideologia, ou por questões ambientais. O produtor é pragmático”, disse Mainardi. “A soja remunera mais do que a pecuária, e a identificação, além da sanidade, trará mais mercado e renda ao produtor rural”, complementou.
Outro ponto essencial, segundo Mainardi, será a diminuição do abate irregular e do abigeato. O aumento do controle por parte do produtor e do Estado, uma vez que os animais entram no sistema, proporcionaria a fiscalização dos abatedouros clandestinos que compram sem nota de quem vende também sem nota.
Com a contratação de 130 fiscais agropecuários por concurso e a criação dos comitês regional de combate ao abigeato, a Secretaria da Agricultura vai intensificar as ações no Estado.