Diversas entidades ligadas aos agricultores familiares gaúchos estiveram reunidas nesta semana para definir medidas de apoio aos produtores afetados pela estiagem. O secretário adjunto da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Cláudio Fioreze disse que foram definidas ações referentes à aquisição e repasse de milho trazido do Centro-Oeste, que entraria no estado com um custo de R$ 20,00 a saca ao produtor. “Trata-se de uma medida urgente em função da falta de milho, especialmente para os produtores de suínos e frangos”, disse Fioreze. O diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Porto informou que o Brasil conta hoje com estoque de menos de 2 milhões de toneladas de milho, dos quais 1,6 milhões encontra-se no Centro-Oeste.

Durante o encontro, também foi solicitada a criação de uma portaria interministerial que determine o uso de trigo como ração animal, frente aos grandes estoques presentes no estado. Na safra passada, foram colhidas 2,75 milhões de toneladas, além do montante importado, que eleva a oferta para 3,1 milhões de toneladas. O consumo dos gaúchos é de cerca de 1 milhão de toneladas, sobrando 2,1 milhões de toneladas. “Seria importante estabelecer medidas para estimular o uso de trigo e arroz para ração animal, em função dos amplos estoques do estado”, disse Fioreze. No caso do arroz, o Rio Grande do Sul conta com 1,5 milhão de toneladas do cereal arroz em estoque público, dos quais 500 mil toneladas são de arroz com mais de três anos.

Durante a reunião, também ficou acertado que haverá a doação de parte da produção de trigo em estoque àqueles produtores mais pobres e que não possuem seguro agrícola. “Seria possível iniciar a doação em 20 dias, disponibilizando inicialmente 14 mil toneladas de trigo”, disse Fioreze. O volume de trigo doado deve ser suficiente para atender 90 dias de consumo animal, em torno de 50 mil toneladas. Representantes dos pequenos produtores pediram ainda agilidade na portaria de renegociação das dívidas.

Ao final da reunião, foi criado um grupo de trabalho que irá estabelecer as demandas, os beneficiários e os mecanismos para o repasse de milho e trigo às cooperativas gaúchas. Também participaram do encontro os secretários de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Caio Rocha, de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, o presidente da Emater/RS, Lino De David, o delegado do MDA no RS, Nilton Pinho de Bem, além de representantes da Cesa, MPA, MST, Fecoagro, Ocergs, Coceargs e Fetag.