Pauta estruturante para o arroz gaúcho
Publicação:
A lavoura do arroz, a segunda mais importante do Estado e essencial para a economia de mais de 100 municípios da metade sul, tem uma nova pauta de reivindicações. Felizmente, não são pedidos para “apagar incêndio”, mas uma agenda construída pelo governo do Estado, a partir do diálogo com representantes da orizicultura, que busca soluções estruturantes, capazes de superar as fragilidades próprias deste setor. Aliás, esta tem sido nossa preocupação central frente à Secretaria da Agricultura: construir propostas de políticas públicas que dêem estabilidade aos que produzem. Apostamos na planificação da lavoura como fator determinante de novos tempos, em que os esforços dos arrozeiros gere produção ajustada à demanda e que o grão seja remunerado justamente. A conjuntura atual conspira a favor dos que fazem esta pregação, de olho na estabilidade do setor. Os bons preços da soja estimulam a rotação de culturas nas várzeas, e rompe resistências de alguns que até pouco tempo enxergavam em nossa proposta uma tentativa de “acabar com a lavoura de arroz”. Proporemos ao Governo Federal que assuma a tarefa de ditar as cotas de plantio, tomando por base os números do consumo interno, a demanda internacional e os volumes que devemos importar. E isso não é novidade, já que países como os Estados Unidos assim agem para proteger e valorizar a produção interna. Para tanto, temos que negociar no Mercosul cotas do comércio de arroz para o mercado regional. Também discutiremos o alongamento das dívidas, situação que, por não ter uma solução de longo prazo, tem feito com que muitos produtores, especialmente pequenos, médios e arrendatários, abandonem a lavoura. É necessário reincorporar às políticas de crédito e acesso aos mecanismos governamentais aqueles que estão sem crédito oficial. Estes são os mais afetados, já que os grandes podem estocar a produção e comercializar o grão quando o preço proporciona uma remuneração digna. É com estas propostas que dialogaremos com o Governo Federal, aproveitando a sintonia comprovada da presidenta Dilma Roussef com as demandas do setor primário gaúcho. Vamos otimistas, pois estamos convencidos de que, uma vez atendidos, inauguraremos um novo período, época de menor dependência do setor produtivo das políticas e instrumentos de proteção governamental.
Luiz Fernando Mainardi