Projeto do RS, Uruguai, Argentina e Paraguai tenta preservar campos nativos do Bioma Pampa
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A união do Estado do Rio Grande do Sul com os países vizinhos que compõem o Conesul busca a preservação dos campos nativos. Atualmente, pelo menos 50%, dos 100 milhões de hectares preservados, que existiam há décadas já estão degradados.
A informação é do coordenador no Brasil do Projeto Alianza del Pastizal, engenheiro agrônomo, Rogério dos Santos. Ele foi um dos palestrantes do evento que aconteceu nesta segunda-feira (26) de manhã no auditório principal do Parque Assis Brasil, no terceiro dia da 36ª Expointer, em Esteio (RS).
Em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com os governos dos quatro países, existem duas linhas de trabalho que pretendem minimizar os efeitos da devastação da fauna e da flora. Uma delas diz respeito à carne: a ideia é criar o selo de qualidade de produção em campo nativo.
O Rio Grande do Sul já conta com selo do produto, mas para animais criados em todas as diversidades de campo. A outra iniciativa dialoga com as políticas públicas. “O projeto é dos governos. São eles que devem pensar e incentivar políticas que equalizem produção, renda e questão ambiental”, afirma o coordenador. O Uruguai tem todo o território coberto pelo Pampa.
A produção de carne representa um quarto da economia do país. A pecuária, segundo o engenheiro, é a atividade mais compatível com a preservação de áreas nativas. “A questão é a diversificação da cultura, com a reserva de espaços de preservação e a inclusão da pecuária”.
O projeto também se dedica a algumas questões específicas: o índice de contribuição à conversação de pastagens naturais, boas práticas de estabelecimentos rurais e os incentivos governamentais à conversação. Além de incentivar os produtores a preservar, querem manter a diversidade e os serviços de ecossistema.
Segundo o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, que não pode participar do debate, o desafio da conversação do bioma deverá ancorar-se no término dos conflitos pelo espaço de terra. “A necessidade de novas terras de cultivo, sobretudo de soja e florestamento, cresce e crescerá ainda mais. Por isso os incentivos aos produtores devem contemplar essa realidade”.
O Alianza del Pastezal, em seu projeto, dá aos produtores alguns conselhos para conservar os campos nativos. A promoção da conservação das pastagens naturais protegerá o solo e melhorará o ganho de peso dos animais. Evitar o pastoreio excessivo e a incorporação de novas formas de manejo: pastoreio rotativo, manejo dos excedentes híbridos e o uso controlado do fogo fora da época de nidificação.
O órgão aconselha a manter parte dos potreiros com pastos altos e curtos, favorecendo a variedade dos ambientes naturais no campo e uma maior diversidade biológica. A priorização de espécies nativas e originárias da região, dizem, tem mais tolerância às secas e inundações que as espécies forrageiras.
Favorecer o brotamento espontâneo dos pastos naturais e outras plantas forrageiras. Desta forma, afirmam, contará com plantas novas e boa “cama de sementes” no solo.