A propriedade da família Kochenborger, da localidade de Lajeadinho, em Montenegro, foi o palco da 25ª edição da Abertura Estadual da Safra de Citros, evento realizado na tarde desta sexta-feira (23/5).  A atividade marca o início da colheita da bergamota Montenegrina na região - variedade que foi descoberta na década de 40 pelo citricultor João Edvino Derlam, de Campo do Meio, cujos descendentes foram homenageados no ato, com a entrega de uma placa à filha Vera. O evento é organizada por diversas entidades, entre elas a prefeitura de Montenegro, o governo do Estado e a Emater/RS-Ascar.

Anfitrião do dia, Irineu Kochenborger, de 83 anos, comoveu o público presente ao resgatar a sua história de jovem aprendiz que passaria uma temporada na Suíça, no final dos anos 60, de onde retornaria para a região trazendo na bagagem uma série de informações e tecnologias que transformam a propriedade, que é compartilhada com os filhos Maique, Darwin e Irineu, com noras e netos. 

O secretário de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Edvilson Brum, destacou o trabalho coletivo das diversas entidades, na busca por fortalecer o trabalho na citricultura e na contenção das questões sanitárias que afligem os produtores. 

Em sua manifestação,  o presidente da Emater Luciano Schwerz, também valorizou a resiliência dos agricultores gaúchos frente às dificuldades relativas ao clima, com estiagens e chuvas excessivas, e em questões como as de sanidade vegetal e o empenho das diversas entidades do Estado na prevenção ao greening - uma ameaça onipresente aos citricultores. Mesmo com todas as dificuldades, as projeções para a colheita indicam que o Estado deve colher 450 mil toneladas de bergamotas, laranjas e limões, em um trabalho que envolve mais de 10 mil famílias gaúchas e 25 mil hectares plantados de citros.

Já em relação à Montenegro, o destaque é a bergamota, com o município se mantendo como o maior produtor estadual do fruto. "Neste ano, a expectativa é de que sejam colhidas 54 mil toneladas de bergamotas, além de 5,5 mil toneladas de laranjas e outras 400 de limões", salientou o prefeito do município Gustavo Zanatta. Parte dessa produção abastece os mercados interno e externo, seja como fruta de mesa, suco ou extrato. Em 2024, o município cultivou 3.330 hectares de citros, sendo 3 mil dedicados à bergamota. "Isso representa 33% da produção gaúcha, que está concentrada majoritariamente no Vale do Caí", enfatizou Zanatta.

A respeito do greening - severa doença que afeta gravemente os pomares podendo levar à morte das plantas -, o presidente da Câmara de Citricultura do Vale do Caí, Ivan Streit, entregou às lideranças estaduais uma carta com nove propostas, no sentido de estabelecer uma política pública estadual para a prevenção à doença. No ato também foi assinado um convênio relativo ao tema.

Presentes no evento, outras autoridades também valorizaram os citricultores. O secretário adjunto de Desenvolvimento Rural, Edmilson Pelizari, reafirmou o compromisso do governo do Estado em apoiar os agricultores, citando o novo programa de recuperação do solo e de fortalecimento da resiliência climática na agricultura familiar, que deve ser sancionado nas próximas semanas pelo governador Eduardo Leite. "Uma política que envolve várias frentes e busca mitigar os impactos das mudanças climáticas que resultam em estiagens prolongadas e enchentes recorrentes", frisou.

O evento contou ainda com a presença de outras lideranças, como o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera, coordenadora estadual de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) Lérida Pavanelo e o secretário de Desenvolvimento Rural de Montenegro, Vladimir Ramos Gonzaga, além de secretários, vereadores, representantes de entidades, produtores e outros. Na abertura também houve apresentação cultural, comercialização de produtos da agricultura familiar e de artesanato, mostra comercial e gastronomia típica elaborada com o apoio dos Grupos Organizados do Lar (GOLs).